segunda-feira, 19 de abril de 2010

Inquieto no meio da noite, acordo conturbado com sonhos afogados em lembranças do passado. O vento gelado da madrugada soprando pela janela não me deixa cair no sono de novo. E eu nem sei se eu iria querer, se pudesse. Fechei a janela pra não deixar o vento entrar, mas ele escreveu teu nome no vapor dela.

Apaguei e desenhei um rosto nele. Mas os olhos derreteram e pareceram chorosos. Apaguei-o e o refiz, agora sorrindo. Esse é o poder que só você tinha sobre mim. Mudar um semblante tão singelo com um ato tão simples.

Não é fácil esquecer aquela sensação que só você me dava. O coração acelerado e a dificuldade de respirar. Talvez por estar acima das nuvens, onde tu me levava com tanta facilidade, tão frequentemente. Parafraseando Shakespeare, nem que eu quisesse poderia ir pra lá agora. Por demasiado ferido estou pelas flechas do cupido para poder voar com suas asas.

Agora as nuvens tão fofas que eu pisava quando tava do teu lado, são formadas pelos suspiros do meu amor desolado. Vou por os sapatos, pra ver se elas se desfazem. Aí meus pés vão tocar o chão novamente, depois de tanto tempo. Pela primeira vez desde que vi teu semblante. Ah, que saudade. Opa, suspirei de novo. Isso será complicado.